Brasil Terra em Transe - A arte actual brasileira

Adriana Varejão

Rio de Janeiro, RJ — 1964

A autonomia da poética contemporânea contida na obra de Adriana Varejão propõe que a testemunha possua uma independência caleidoscópica de reconstrução que passa pelo campo da materialidade e da dimensão simbólica. Sua obra diz respeito não apenas a pertinência da sua contemporaneidade, mas também por tratar-se de um corpo de obra singular que participa de um tempo isolado, de uma arte transfigurada. Varejão Frequentou a Escola de Arte visuais do Parque Lage nos anos 80, como aluna dos cursos livres. Sua primeira individual foi em 1988 na Galeria Thomas Cohn, Rio de Janeiro. Em 1989 participou com destaque da mostra coletiva U-ABC, no Stedelijk Museum, em Amsterdam, que depois itinerou para a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Todos os caminhos se cruzam na obra de Adriana Varejão e essas trocas e migrações, por sua vez, tem como ponto comum o referencial artístico e cultural da trajetória de solidificação do território brasileiro a partir dos traumas da expansão colonial. Todos os movimentos das suas obras são pendulares e polissêmicos, possibilitando uma análise extremamente complexa que retira o observador de uma zona específica e o transporta para outras profundidades, em outros mares. O trabalho de Varejão opera nas fronteiras iconológicas advindas da cultura visual e da história da arte, como aquilo que o crítico Paulo Herkenhoff designa como uma migração de imagens. A artista estabelece um diálogo contínuo com o tempo e o espaço no qual fecunda-se um intercâmbio agressivo que se desdobra na reconstrução crítica da singularidade da identidade brasileira. O espaço de representação pictórica proposto por Adriana possui como base o barroco colonial através das azulejarias do Brasil quinhentista. Os hiatos entre colonizador e colonizado, profano e sagrado, confronto e encontro, carne e pele, terra e mar, cópia e originalidade são o laço de sentido da sua obra. É no espaço entre que a sua poética encontra uma voz clara. O historiador da arte Ernst Gombrich afirma que as obras muitas vezes devem mais a outra realidade que a própria, ele diz: “As telas falam entre si”, sob essa perspectiva a capacidade de conclusão, de um sentido finito, é aniquilada. É nesse lugar que ao invés de Varejão colocar um ponto final ela coloca vírgulas. A azulejaria, por sua vez, assume nas obras uma posição viajante que altera-se constantemente, mudando de propósito a cada lugar que atraca e permanecendo, assim, em um lugar fora do tempo por reinventar-se constantemente.

Sobre

Biografia

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Adriana Varejão

Rio de Janeiro, 1964

Vive e trabalha no Rio de Janeiro

Adriana Varejão é artista plástica. Participou de bienais como as de São Paulo (1994 e 1998), Sydney (2001), Istanbul (2011), SITE Santa Fé (2004), Liverpool (1999 e 2006) e Mercosul (1997 e 2005). Sua obra foi exibida em grandes instituições internacionais como MOMA (Nova York), Fundação Cartier (Paris), Centro Cultural de Bélem (Lisboa), Hara Museum (Tóquio) e The Institute of Contemporary Art (Boston). Um pavilhão dedicado a sua obra pode ser visto no Instituto Inhotim, em Minas Gerais. A artista está presente em acervos de importantes instituições, entre elas o Tate Modern, Fundação Cartier, Hara Museum, Stedelijk Museum e Guggenheim. Adriana Varejão recebeu o Prêmio Mario Pedrosa (artista de linguagem contemporânea), da associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e o Grande Prêmio da Crítica, da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), pela exposição Histórias às Margens, realizada em 2021/13 no MAM SP, MAM RIO E Malba.

Exposições Individuais:

Adriana Varejão: Talavera, Gagosian, Nova Iorque, EUA (2021) - Adriana Varejão: Otros Cuerpos Detrás, Museo Tamayo, México (2019) - Adriana Varejão: por uma retórica Canibal, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães(MAMAM), Recife, Brasil - Adriana Varejão: por uma retórica Canibal, Museu de Arte Moderna da Bahia (MAMBA), Brasil - Adriana Varejão, Victoria Miro Gallery, Veneza, Itália (2018) - Adriana Varejão: Transbarroco, Gagosian / John Sowden House, Los Angeles, EUA (2017)- Adriana Varejão: Interiores, Gagosian Gallery, Los Angeles, EUA (2016) - Paula Rego e Adriana Varejão, Carpintaria (RJ), Brasil - Adriana Varejão: Azulejão, Gagosian Gallery, Roma, Itália - Adriana Varejão, French Academy in Rome - Villa Medici, Roma, Itália - Adriana Varejão: Kindred Spirits, Lehmann Maupin Gallery, Nova Iorque, EUA- Adriana Varejão, Lehmann Maupin Gallery, Hong Kong (2015) - Adriana Varejão: Kindred Spirits, Dallas Contemporary, Texas, EUA- Adriana Varejão: Pele do Tempo, Fundação Edson Queiroz, Fortaleza (CE), Brasil - Adriana Varejão, The Institute of Contemporary Art/Boston, EUA (2014) - Transbarroco, Oi Futuro, Rio de Janeiro, Brasil - Carnivorous, Victoria Miro Gallery, Londres, Reino Unido - Polvo, Lehmann Maupin Gallery, Nova Iorque, EUA - Polvo, Galpão Fortes Vilaça, São Paulo, Brasil- Polvo, Victoria Miro Gallery, Londres, Reino Unido (2013) - Histórias às Margens, Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA),Argentina - Histórias às Margens, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM RJ), Brasil - Histórias às Margens, Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP), Brasil (2012)- Victoria Miro Gallery, Londres, Reino Unido (2011) - Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, Brasil (2009) - Lehmann Maupin Gallery, Nova Iorque, EUA- Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Brumadinho, Minas Gerais, Brasil [exposição permanente] (2008) - Adriana Varejão: Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Biografia

Textos

Saunas

Paulo Herkenhoff, 2005

Glória! O grande caldo

Paulo Herkenhoff, 2001

Azulejões: Adriana Varejão volta com força ao Rio

Luis Camilo Osorio, 2006

Admirável Mundo Novo: os territórios barrocos de Adriana Varejão

Louise Neri, 2001

"Pintura/Sutura"

Paulo Herkenhoff, 1996

Câmara de Ecos

Hélène Kelmachter, 2004

Lista Bibliográfica

Adriana Varejão