Professora e uma das artistas intermídia brasileiras mais célebres e profícuas da segunda metade do século XX e do início do século XXI, possui uma produção que está na fronteira entre múltiplas linguagens, materiais, suportes e técnicas. Suas primeiras incursões artísticas iniciaram-se no pós-guerra com o abstracionismo, transitando na década seguinte e aproximando-se da nova figuração brasileira com a sua fase visceral; epíteto concedido pelo crítico Mário Pedrosa. Não raro, posteriormente tornou-se uma das pioneiras da vídeo-arte no Brasil fazendo parte também da primeira geração de artistas conceituais latino-americanos nos anos 70. Inquietudes, interrogações e questionamentos são um eixo da sua obra. A produção de Geiger no decorrer das décadas acentua o carácter expandido do seu corpo poético, que, embora limítrofe e variado, atua como uma grande série acumulativa onde o subjetivo, o lugar geográfico, o formal, o corporal e o sócio-político encontram-se em um movimento único, como um fio condutor inequívoco aos atentos, o qual o crítico de arte e professor Fernando Cocchiarale designou como o sentido constelar da sua obra. A permeabilidade cartográfica e a ruptura com sistemas simbólicos-culturais, assim como a críticas disruptivas perante o ambiente ideológico pós-AI5 – o qual circundava e limitava toda a geração de artistas brasileiros do período – são constantes convergências que consolidaram a colonialidade, a ironia e a ficção como pontos de reflexão e memória para materialização de uma antropologia do imaginário na sua obra.