Brasil Terra em Transe - A arte actual brasileira

Cao Guimarães

Belo Horizonte, MG — 1965

Artista-cineasta, os trabalhos de Cao frequentemente são estabelecidos pelo o que ele próprio nomeia como “cinema de cozinha”. Além do uso frequente do Super-8, o artista faz reflexões concretas a partir de técnicas de edição não lineares e das próprias qualidades granulares da película. Sua obra se faz construindo caminhos plurais e próprios com as artes visuais e com a fotografia. Cao cria um cinema auto-reflexivo, ora com estruturas próprias que o cinema pode desenvolver, dando visibilidade, sequência e mudando gradualmente os planos, ora utilizando-se de padrões de repetições que se alteram, trabalhando as questões próprias do médium. Por vezes há expresso uma dimensão de movimentos físicos, nos quais o movimento do tempo é outro. As experiências dos dias agregam-se em vídeo a partir de certa sensação de fugacidade latente onde há uma descolagem entre aquilo que se vê e o que ocorre espacialmente, temporalmente. Suas obras oferecem camadas de vários tempos e são documentos sinceros, vivos e vívidos que partem de uma forma de habitar particular para uma forma universal. Existe uma clara celebração das possibilidades de ritmo suscitadas pela temporalidade humana e pelas temporalidades do mundo. Seus trabalhos com fotografia também são meditações em torno de tais questões, mas, por vezes, partem de um lugar onde o que está à deriva do nosso olhar é enquadrado como uma nova forma, ressignificando profundamente diversas relações de um cotidiano outrora banal. Sua obra transpõe gêneros fílmicos e traça um caminho de atenção absoluta com aquilo que é fugaz ao cotidiano humano mas está impregnado de realidade. Seus trabalhos dialogam com o que é a experiência estética para Merleau-Ponty, ou seja, como uma experiência do mundo tal como é vivido e não concebido. Ponty diz: “O mundo está no entorno de mim, não diante de mim.”

Sobre

Biografia

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Cao Guimarães

Belo Horizonte, 1965

Vive e trabalha em Belo Horizonte

Atua no cruzamento entre o cinema e as artes plásticas.

Com produção intensa desde o final dos anos 1980, o artista tem suas obras em numerosas coleções prestigiadas como a Tate Modern (Reino Unido), o MoMA e o Museu Guggenheim (EUA), Fondation Cartier (França), Colección Jumex (México), Inhotim (Brasil), Museu Thyssen-Bornemisza (Espanha), dentre outras. Participou de importantes exposições como XXV e XXVII Bienal Internacional de São Paulo, Brasil; Insite Biennial 2005, México; Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, EUA; Tropicália: The 60s in Brazil, Áustria; Sharjah Biennial 11 Film Programme, Emirados Árabes Unidos e Ver é Uma Fábula, Brasil, uma retrospectiva com grande parte das obras do artista expostas no Itaú Cultural, em São Paulo. Realizou dez longa-metragens: Espera (2018), O Homem das Multidões (2013), Otto (2012), Elvira Lorelay Alma de Dragón (2012), Ex Isto (2010), Andarilho (2007), Acidente (2006), Alma do Osso (2004), Rua de Mão-Dupla (2002) e o Fim do Sem Fim (2001), que participaram de renomados festivais internacionais como Cannes, Locarno, Sundance, Veneza, Berlim e Rotterdam. Ganhou retorspectivas de seus filmes no MoMA, em 2011, Itaú Cultural, em 2013, BAFICI (Buenos Aires) e Cinemateca do México em 2014, dentre outros. Em setembro de 2017 inaugurou a maior exposição e retrospectiva acerca de sua obra em território europeu, no Eye Filmmuseum, em Amsterdã.

É representado pela Galeria Nara Roesler, de São Paulo e Galerie Xippas (Paris e Montevideo)

Biografia

Textos

Jacuba é gambiarra

Sabrina Sedlmayer

O Malabarista e a Gambiarra

Lisette Lagnado

Das dores do mundo

Filipe Furtado

Mundo Desgarrado

Cezar Migliorin