Eduardo Kac é um expoente de inovação inequívoco. O artista, fundador dos termos “Bio Arte” e “Arte da Telepresença”, agrega nas suas obras intersecções e comunicações entre formas orgânicas e inorgânicas, entre o terrestre e celeste, entre o virtual e o real, entre a arte contemporânea e a poesia. Kac possui uma trajetória múltipla e alargada que variam desde suas incursões iniciais como líder do Movimento Pornô e a transmídia nos anos oitenta até os desenvolvimentos artísticos com telepresença e, posteriormente, com a arte transgênica. Sua obra é aliada dos avanços biotecnológicos e anda em ritmo com questões profundas do nosso tempo. O historiador da arte e professor James Elkins afirma sobre o Eduardo Kac: “Ele é um artista e também, às vezes, historiador. Uma combinação rara.”. Algumas das matérias fulcrais do trabalho de Kac são suspeitas para muitos que encaram os avanços tecnológicos com ceticismo. Sua linguagem está para além de conceitos como beleza, técnica, atração, comoção ou efeito; interessa ao artista novas configurações que possibilitem a criação de redes de transferência dentro de sistemas linguísticos e simbólicos. A sua prática estrutura-se a partir do vivo e do não-vivo, como códigos, campos virtuais, relações intravenosas, genomas, pixels, moléculas, robôs, etc. O corpo da obra de Eduardo Kac perpassa um diálogo constante e extenso com profissionais de diversas disciplinas científicas e filosóficas que resultam em trabalhos de grande impacto ideológico. A obra pioneira de Kac reflete sobre as relações simbióticas entre humano e máquina no contexto da nova telessociedade, adensando o debate acerca das sintonias criadas na atualidade face ao desconhecido. Do microscópico ao cosmos. Kac explora os limites da criação e da reformulação da cultura, incitando novas ramificações sociais, redefinindo parâmetros e o transbordando os estatutos habituais no campo da artes.