Espaço, gravidade, densidade, organicidade e simbologia são território comum nos trabalhos de Ernesto Neto. Trata-se de um organismo vivo, imenso, sinuoso que transpõe e transborda as barreiras criadas pela realidade com suas instalações escultóricas. O uso de cordas, tecidos e diversas técnicas de amarração, bem como as referências biológicas e espirituais, são recorrentes em muitos trabalhos, dos quais a maioria possui uma dimensão não apenas onírica, mas também lúdica. Em parte, o vivenciar suas obras é necessário. A presença, o brincar, o explorar e o meditar a partir dessas estruturas que se desdobram e acionam os ambientes das formas mais desafiadoras é incontornável. Como a própria natureza. Alguns dos seus trabalhos são pontuados não apenas pelo habitar espacial da obra, mas também a partir de processos próprios de intermediação, cerimoniais e espiritualidade pensados para finalidades específicas dentro do corpo das obras. Seu trabalho busca as raízes do relacionamento para além das identidades, do corpo no espaço, no tempo, na terra, cosmo e com o outro, e é ao mesmo tempo um refúgio-escultura, que possui a possiblidade de acalantar e interpelar de forma significativa seus visitantes. Suas obras, ora espirais, ora mares, ora selvas, ora gotas, ora cabanas, são a matéria própria da dialética potente que existe entre a fragilidade e resistência.