Brasil Terra em Transe - A arte actual brasileira

Ernesto Neto

Rio de Janeiro, RJ — 1964

Espaço, gravidade, densidade, organicidade e simbologia são território comum nos trabalhos de Ernesto Neto. Trata-se de um organismo vivo, imenso, sinuoso que transpõe e transborda as barreiras criadas pela realidade com suas instalações escultóricas. O uso de cordas, tecidos e diversas técnicas de amarração, bem como as referências biológicas e espirituais, são recorrentes em muitos trabalhos, dos quais a maioria possui uma dimensão não apenas onírica, mas também lúdica. Em parte, o vivenciar suas obras é necessário. A presença, o brincar, o explorar e o meditar a partir dessas estruturas que se desdobram e acionam os ambientes das formas mais desafiadoras é incontornável. Como a própria natureza. Alguns dos seus trabalhos são pontuados não apenas pelo habitar espacial da obra, mas também a partir de processos próprios de intermediação, cerimoniais e espiritualidade pensados para finalidades específicas dentro do corpo das obras. Seu trabalho busca as raízes do relacionamento para além das identidades, do corpo no espaço, no tempo, na terra, cosmo e com o outro, e é ao mesmo tempo um refúgio-escultura, que possui a possiblidade de acalantar e interpelar de forma significativa seus visitantes. Suas obras, ora espirais, ora mares, ora selvas, ora gotas, ora cabanas, são a matéria própria da dialética potente que existe entre a fragilidade e resistência.

Sobre

Biografia

Ernesto Saboia de Albuquerque Neto (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1964). Artista multimídia. estuda escultura com Jaime Sampaio no ano de 1984, e com João Carlos Goldberg no primeiro semestre de 1987, ambos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage). Realiza ainda cursos de intervenção urbana com Cleber Machado, no segundo semestre de 1984, e estuda escultura com Roberto Moriconi do ano de 1995 até meados de 1996 na escola de arte do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), além de vários outros cursos teóricos incluindo Roberto Machado, Walter Marques e Fayga Ostrower. Sua produção situa-se entre a escultura e a instalação. No início da carreira, sua trajetória é marcada pelas obras dos artistas José Resende (1945) e Tunga (1952), na exploração da articulação formal e simbólica entre matérias diversas. Ernesto considera os Camelôs seus grandes mestres. Mais tarde, passa a utilizar predominantemente meias de poliamida e outros materiais mais flexíveis e cotidianos. Na segunda metade dos anos 1990, Ernesto Neto realiza esculturas nas quais emprega tubos de malha fina e translúcida, preenchidos com especiarias de variadas cores e aromas, como açafrão ou cravo da índia em pó.

Biografia

Textos

Here and there, the body as mediator of Brazilian culture

Ernesto Neto

Between Physics and Alchemy

Hans-Peter Wipplinger