Há uma espécie de humor transcendente marcado por referências históricas ou a elementos corriqueiros presentes na banalidade do dia-a-dia. Esta dicotomia trazida em seu percurso, possibilita a Jorge Duarte navegar com destreza por canais cultos e leigos, repousando a sua obra no berço expandido do entendimento, sem perder a sofisticação que lhe é inerente. O artista mimetiza, subvertendo com sutileza, dançando suave no ringue. Um texto escrito pelo crítico Paulo Herkenhoff sobre Jorge Duarte em 1984, sintetiza de maneira brilhante a percepção do critico em relação a uma carreira que se encontrava nos primórdios: “Jorge da arte faz o que quer. Sem estilo conceitual ou material ou estilístico. Concretiza como os concretistas, abstrai como os abstracionistas, transvanguardiza como a transvanguarda, expressa como os expressionistas, rabisca como os grafiteiros e etc. como os generalistas. “Volpi pinta volpis” e Jorge Duarte pinta arte. Parábola dos talentos. Pinta arte sem unidade. Abolição do método pelo seu prisioneiro. E expõe o método sobre o método. Está aí o que aprendeu nas Belas Artes e em Malasartes e aprendeu em Flash Art e Flash Gordon. Cita e recita - reneo-concretismo, renova Figuração, reilustração do desejo ou da ideologia teorizados. Remonta a (a) história da arte. O título da obra participa, não e legenda nem explicação. Chave que entreaberta ambivalência. “O forte da pintura”. Quem? Parece ser Picasso, ou é o monstrinho musculoso ou a tinta metálica?”