Um universo próprio e particular é acessado através do trabalho tecnológico-poético de Mariana Manhães. Motores, imagens, cinética, utensílios domésticos e organismos habitam concomitantemente o espaço de suas obras. Para a artista, seus trabalhos formulam um vocabulário a partir dos materiais tecnológicos, tal qual uma entidade orgânica, muscular. Sobre o funcionamento dos trabalhos de Mariana Manhães, Fernando Cocchiarale menciona: “(...) Os Bules, portas e demais objetos que se movimentam e falam (de modo quase incompreensível) nas instalações iniciais, e o contínuo e sonoro deslocamento de imagens de lâmpadas pela superfície dos monitores, não são apenas efeitos audiovisuais, tecnologicamente criados – eles de fato acionam os sensores que os movem. (...)” Todos os elementos que constituem os trabalhos são assumidos como partes necessárias e trabalham em si como corpos mecânicos, inflam, erguem-se, movimentam-se, exibem, falam. Seus seres-máquina são lúdicos e provocam reações entre si mesmos e entre nós; eles existem de forma antropomórfica e geram indagações perpétuas acerca da condição e das relações travadas entre humano e máquina. Sobre sua própria obra a artista diz: “As pessoas muitas vezes associam os meios tecnológicos a trabalhos interativos e é comum ver algum visitante pulando ou fazendo gestos em frente ao trabalho, achando que ele vai responder a um comando. Meus trabalhos não funcionam dessa forma – eles não interagem objetivamente com o público. Já me perguntaram sobre isso, mas, para mim, o sentido está no autismo das máquinas.”