Brasil Terra em Transe - A arte actual brasileira

Sonia Andrade

Rio de Janeiro, RJ — 1935

Sonia Andrade foi uma das pioneiras da videoarte no Brasil que, nos anos 70, situou a experiência brasileira no cenário internacional. Chegando a participar de exposições coletivas nos Estados Unidos da América, como no caso da mostra ​​Video from Latin America no Museum of Modern Art de Nova York. A video-arte brasileira possui uma singularidade decorrente do confronto com a invasão e difusão de imagens de massa midiáticas que passaram a governar o imaginário identitário e temporal dos brasileiros. Sobretudo ao somar-se como elas atuavam velando a violência inerente do período pós AI-5. No entanto sua produção não se basta apenas pela investigação da video-arte, como ressalta Fernando Cocchiarale: (...)​​”Desde o início de sua carreira, há quase trinta anos, como uma bricoleuse ela se apropriou de objetos, cartões-postais; usou o desenho, a caligrafia, imagens fotográficas e vídeo. É, pois, uma artista cuja obra não pode ser associada a um único meio, ainda que nos últimos anos tenha mostrado, sobretudo, videoinstalações”. Trata-se de uma artista múltipla que é incontornável não apenas pela trajetória e produção, mas também pela sua relevância fundamental e concisa que perpassa diversos momentos de evidente importância para a história artística do Rio de Janeiro e do Brasil. Andrade, através de seus vídeos, confronta a potência midiática invasora, sintomática da prosperidade do pós-guerra, aproximando-se de narrativas conceituais que se transmutam em gestos banais poéticos e movediços. A sua produção rizomática caminha pelas possibilidades geradas por muitos suportes: a escrita, o desenho, o objet trouvé, a fotografia, a arte postal, a performance, etc. Sonia Andrade foi uma das artistas da geração de 70 que deixou de lado a arte-objeto retiniana para trabalhar e protagonizar o ambiente e a mobilidade de formas variadas. O outro, o espaço, o corpo, o gesto e a palavra agregam-se em consonância para uma criação pictórica que diluí as dimensões de interioridade e exterioridade. O sentido performativo na sua obra se circunscreve umbilicalmente ao papel do vídeo e a fotografia no campo artístico. Em seus trabalhos percorrem reflexões sobre as questões de gênero, sobre o vazio, o desejo da totalidade do outro, a temática da dor, questões identitárias e os debates formais da arte. Há manifesta uma dimensão de confinamento em diversas obras. Essa sensação de clausura e gestos restritivos estão inevitavelmente atrelados a uma crítica do papel de género e de um projeto ético-político, como uma resistência simbólica inerente ao seu discurso e contexto. Os gestos em suas obras recorrentemente estão flanqueados pela subordinação, pelos limiares, pela esfera da intimidade, pelo desejo de comunicar e pela sensorialidade. Do minimalismo ao conceitualismo, da performance a fotografia, sua obra perpassa os grandes movimentos artísticos que marcaram o século de modo profundamente pessoal e inventivo, criando um vocabulário único sem perder seus referentes. O espaço das suas obras é um espaço de projeção e introspeção, essencialmente reflexivo e atrelado ao corpo, de fora e de dentro.

Sobre

Biografia

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Sonia Andrade

Rio de Janeiro, RJ, 1935-2022

Viveu e trabalhou no Rio de Janeiro

Sonia Andrade possui trabalhos em coleções públicas de instituições importantes como Centre Pompidou (Paris, França), Getty Research Institute (Los Angeles, E.U.A.), Haward Art Museums (Boston, E.U.A.) e Kunstgewerbemuseum (Zurique, Suíça).

Dentre as exposições individuais já realizadas destacam-se: 2011 - Retrospectiva 1974/1993 (Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica – Rio de Janeiro, Brasil); 2010 - Sonia Andrade: Vídeos (Oi Futuro – Rio de Janeiro, Brasil); 2005 - Conjunto de cinco vídeo instalações (Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro, Brasil); 2001 - Exposição individual: vídeo instalação(Paço Imperial - Rio de Janeiro, Brasil); 1999 - Olimpo, Périplo, Apolo, Vênus e Noturno (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, Brasil); 1994 - Hydragrammas (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - São Paulo, Brasil); 1984 - Situações Negativas: o passo, o salto, a queda (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, Brasil); 1978 - A Caça (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, Brasil).

Dentre as exposições coletivas estão: 2018 - Identity and alterity: shifting representations (Kanal Centre Pompidou - Bruxelas, Bélgica); 2017 - Video Art in Latin America: Selections from Brazil (Rubell Family Collection - Miami, E.U.A.); 2016 - 32ª Bienal de São Paulo – INCERTEZA VIVA (Pavilhão Ciccillo Matarazzo - São Paulo, Brasil); 2006 - Corps Étrangers (Musée du Louvre - Paris, França); 2001 - B & N y de color, latinoamérica: cine, vídeo y multimedia (Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía - Madri, Espanha); 1993 - Vídeoarte, Brasil: pioneiros (Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro, Brasil); 1981 - Video from Latin America (Museum of Modern Art - Nova York, E.U.A.); 4ème manifestation internationale de livres d’artiste/livres/objects (Centre George Pompidou - Paris, França).

Biografia

Textos

Vídeos (2010)

Catálogo Oi Futuro, 2010

O lugar a que se volta é sempre outro

Galeria Athena

Vídeos (2005-1974)

CCBB - RJ, 2005

Retrospectiva Sonia Andrade

Centro Municipal De Arte Hélio Oiticica, 2011