Xico foi um adolescente inquieto, o que o levou a encarar a ditadura militar através de ações anárquicas, como a declamação de poemas políticos nos interiores de transportes públicos que transportavam trabalhadores. Foi obrigado a viver na clandestinidade, exilar-se no Uruguai, acabando preso, em 1968, quando participava do congresso estudantil de Ibiúna. As experimentações implementadas por Xico, a partir da década de 70, incluem a eletroacústica, poesia visual, ações performáticas, bem como, a criação de letras para inúmeros parceiros. Em 1973, produziu com Jards Macalé, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o emblemático show “Banquete dos Mendigos”, com a participação de grandes estrelas da música popular brasileira, como, Chico Buarque, Gonzaguinha, Raul Seixas, Gal Costa, dentre outros. A repressão cercou o MAM com tanques, ameaçando prender os organizadores e os artistas. A pintura com minerais surge na década de 80 e, segundo o curador Fernando Cocchiarale, “possui o intuito de tornar visíveis os materiais de que são feitas, de trazer à superfície da Terra, suas entranhas. Há aqui, sobretudo, a intenção de revelar essa potência invisível (posto que oculta) pelo simples ato de trazê-la à luz tornando-a aparente (e acessível ao olhar)”. Xico também é um apaixonado pelo carnaval carioca, tendo sido um dos fundadores do bloco “Suvaco de Cristo”, quando criou, durante anos, séries de fantasias-objetos com materiais descartáveis de plástico. Em 2011, apresentou, no Centro Cultural Oi Futuro, com curadoria de Alberto Saraiva e produção da Fase 10, um recorte de sua produção artística no transcurso de 40 anos de atividades, sendo o principal segmento da exposição a obra “Orbita-Poética”, onde podemos observar, através de computação gráfica, diversos poemas do artista, movimentando-se no espaço sideral. Em uma entrevista dada para a artista e psicanalista Fátima Pinheiro, quando perguntado como se davaa articulação entre o múltiplo e o simultâneo em sua obra, Xico respondeu: “Acredito que, para mim, fazem parte de um mesmo sistema de articulações, e à medida que são praticadas, vão se consolidando, se diluindo, se reconstruindo, se projetando de forma multifacetada e tridimensional, se concentrando em alguns momentos e se expandindo em outros, de forma a se apresentarem como um só processo onde as experiências da escrita literária e da escrita por imagens e objetos passam a formar o mesmo universo em contínua mutação, deixando de ser experiências”.