Brasil Terra em Transe - A arte actual brasileira

Xico Chaves

Tiros, MG — 1948
Xico Chaves transforma a vida em arte e vice-versa. Este artista mineiro, radicado no Rio de Janeiro, possui o seu processo de criação marcado pelas tramas do cotidiano, expandindo a sua personalidade em obras marcadas pela multiplicidade de suportes e linguagens. Na matemática-transversal de sua existência, a música, literatura e artes visuais atuam simultaneamente, agregando outros elementos, como a sua atuação política a frente do Centro de Artes Visuais da Funarte, quando criou a Rede Nacional Artes Visuais, programa de intercâmbios entre artistas, palestrantes, produtores e documentaristas, que revolucionou a face das artes visuais contemporâneas brasileiras.

Xico foi um adolescente inquieto, o que o levou a encarar a ditadura militar através de ações anárquicas, como a declamação de poemas políticos nos interiores de transportes públicos que transportavam trabalhadores. Foi obrigado a viver na clandestinidade, exilar-se no Uruguai, acabando preso, em 1968, quando participava do congresso estudantil de Ibiúna. As experimentações implementadas por Xico, a partir da década de 70, incluem a eletroacústica, poesia visual, ações performáticas, bem como, a criação de letras para inúmeros parceiros. Em 1973, produziu com Jards Macalé, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o emblemático show “Banquete dos Mendigos”, com a participação de grandes estrelas da música popular brasileira, como, Chico Buarque, Gonzaguinha, Raul Seixas, Gal Costa, dentre outros. A repressão cercou o MAM com tanques, ameaçando prender os organizadores e os artistas. A pintura com minerais surge na década de 80 e, segundo o curador Fernando Cocchiarale, “possui o intuito de tornar visíveis os materiais de que são feitas, de trazer à superfície da Terra, suas entranhas. Há aqui, sobretudo, a intenção de revelar essa potência invisível (posto que oculta) pelo simples ato de trazê-la à luz tornando-a aparente (e acessível ao olhar)”. Xico também é um apaixonado pelo carnaval carioca, tendo sido um dos fundadores do bloco “Suvaco de Cristo”, quando criou, durante anos, séries de fantasias-objetos com materiais descartáveis de plástico. Em 2011, apresentou, no Centro Cultural Oi Futuro, com curadoria de Alberto Saraiva e produção da Fase 10, um recorte de sua produção artística no transcurso de 40 anos de atividades, sendo o principal segmento da exposição a obra “Orbita-Poética”, onde podemos observar, através de computação gráfica, diversos poemas do artista, movimentando-se no espaço sideral. Em uma entrevista dada para a artista e psicanalista Fátima Pinheiro, quando perguntado como se davaa articulação entre o múltiplo e o simultâneo em sua obra, Xico respondeu: “Acredito que, para mim, fazem parte de um mesmo sistema de articulações, e à medida que são praticadas, vão se consolidando, se diluindo, se reconstruindo, se projetando de forma multifacetada e tridimensional, se concentrando em alguns momentos e se expandindo em outros, de forma a se apresentarem como um só processo onde as experiências da escrita literária e da escrita por imagens e objetos passam a formar o mesmo universo em contínua mutação, deixando de ser experiências”.

Sobre

Biografia

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Xico Chaves

Tiros, MG - 1948

Vive e trabalha no Rio de Janeiro

Formado em Artes e Ciência da Comunicação pela Universidade de Brasília e Centro Universitário de Brasília, Notório Saber em Artes Visuais pela Universidade de Brasília(UnB), artista visual, poeta e produtor cultural, radicado no Rio de Janeiro. Realizou diversas exposições no Brasil e exterior, publicou livros de poesia, participando de movimentos poéticos e artísticos contemporâneos. Possui letras de música gravadas por diversos parceiros e intérpretes, dentre eles, Geraldo Azevedo, Jards Macalé, Elba Ramalho, Boca Livre, Zé Renato, Nara Leão, Cláudio Nucci, Marlui Miranda, Caetano Veloso, Vinícius Cantuária e Antonio Adolfo. Tem se dedicado às linguagens multimídia em arte contemporânea e utilização de pigmentos minerais em pinturas.

Realiza trabalhos de criação artística em TV, Vídeo e fotografia. Na administração pública coordenou e dirigiu projetos culturais nacionais e internacionais. Foi diretor da Divisão de Audiovisual do Governo do Rio de Janeiro, assessor especial e curador do Museu Nacional de Belas artes e Coordenador da Assesoria Especial da Presidência da Funarte, implementando o programa Microprojetos Culturais Funarte/Minc/SAI, dirigido à região do semiárido. Atualmente é diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte, onde vem estimulando, desde 2004, através de programas consistentes, a difusão e fomento das Artes Visuais em todos os territórios brasileiros.

Dentre os projetos realizados, podemos citar: programa Rede Nacional Funarte artes Visuais, programa Conexões Artes Visuais, Grande Área, Bola na Rede, Ponto Transição e Natureza Viva - Ambiente Cerrado.

@xico.chaves

Representado pela Galeria Movimento, Rio de Janeiro, Brasil

Biografia

Textos

VIDA-ARTE-POLÍTICAS: ENCADEAMENTO

Alberto Saraiva

O ARTISTA POR ELE MESMO - XICO CHAVES

Entrevista realizada por Fátima Pinheiro ( 2016 )

Poema

Trecho de Amazonas Pai

Gê, 2010