Brasil Terra em Transe - A arte actual brasileira

Aline Motta

Niterói, RJ — 1974

O trabalho de Aline Motta transcorre por entre a memória, a intimidade, o território e as histórias afro-diaspóricas do Brasil. Há evidente uma dupla via em seu trabalho: Uma de busca, afirmação, alteridade e reconhecimento e outra de introspecção, arqueologia e ancestralidade. Entre passado e futuro, ausência e presença, fronteira e encontro trafegam as imagens, fotografias, curtas-metragem e ensaios da artista. Toda ambivalência que advém da sua procura em relação a própria história familiar demonstra nitidamente como é ferida aberta as chagas do colonialismo na sociedade brasileira. Aline Motta articula de modo incrivelmente fabular a realidade das violências de sua procura com a docilidade que resiste através dos afetos humanos, do encontro e da memória. Uma memória pessoal que está imbricada nos movimentos da história de muitos. Seu trabalho como o percebemos, o qual muitas vezes envolve diversos experimentalismos, como a animação ou a land-art, é apenas uma parte de um processo profundamente complexo de investigação plena. Parte artista, parte historiadora, Aline Motta cumpre uma dimensão processual em suas procuras justamente a partir de um trabalho incansável de arquivo, escuta, oralidade, deslocamento e edição. Como pontua Moacir Dos Anjos “Não se trata, para a artista, de simplesmente apresentá-los como descoberta documental. Mas de criar estratégias audiovisuais que possam equivaler a eles como coisa sensível.” Aline diz: “O que gostaria que a minha obra reverberasse é que todos estão implicados, que todos deveriam fazer parte da luta antirracista, não apenas os negros. O que descobri sobre mim é que, para trabalhar questões coletivas, precisei fazer um mergulho muito pessoal e íntimo. Ainda que sentisse medo, deveria continuar. Ainda que não soubesse nem como começar, não poderia me dar ao luxo de desistir. Apesar de a arte ter um alcance restrito, ainda é uma forma de resistir e dizer que não nos esquecemos.”

Sobre

Biografia

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Aline Motta

Niterói, Rio de Janeiro, 1974

Vive e trabalha em São Paulo

É bacharel em Comunicação Social pela UFRJ e pós-graduada em Cinema pela The New School University (NY). Combina diferentes técnicas e práticas artísticas, mesclando fotografia, vídeo, instalação, performance, arte sonora, colagem, impressos e materiais têxteis.

Sua investigação busca revelar outras corporalidades, criar sentido, ressignificar memórias e elaborar outras formas de existência.

Foi contemplada com o Programa Rumos Itaú Cultural 2015/2016, com a Bolsa ZUM de Fotografia do Instituto Moreira Salles 2018 e com 7º Prêmio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça 2019. Recentemente participou de exposições importantes como "Histórias Feministas, artistas depois de 2000" - MASP, “Histórias Afro-Atlânticas” - MASP/Tomie Ohtake, "Cuando cambia el mundo" - Centro Cultural Kirchner, Buenos Aires, Argentina e "Pensar tudo de nuevo" - Les Rencontres de la Photographie, Arles, França. Abriu sua exposição individual "Aline Motta: memória, viagem e água" no MAR/Museu de Arte do Rio em 2020. Em 2021 exibiu seus trabalhos em vídeo no New Museum (NY) no programa "Screen Series".

Biografia

Textos

Raízes familiares: encontros femininos, fotografia e fabulação afetiva

Alexandre Bispo

Modos de entrar, modos de sair

Alexandre Bispo

Afrofabulações e opacidade: as estratégias de criação do documentário negro brasileiro contemporâneo

Kênia Freitas, 2020

Arte como encruzilhada

Moacir dos Anjos, 2021